O Banco Central (BC) continua atento aos riscos de aceleração da economia através do crédito ao consumo, motivo que o levou a tomar uma série de medidas de restrição aos financiamentos bancários em dezembro, disse o diretor da Área Externa do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva. Acumulando também a diretoria de Normas do BC, Silva participou do seminário “Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2011”, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.
O crédito, que há dez anos representava menos de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB), hoje já equivale a quase metade, transformando-se em um canal “mais efetivo e potente de transmissão da política monetária”, afirmou Silva. Segundo ele, em dezembro o BC identificou a necessidade de “mitigar riscos” em algumas modalidades de crédito ao consumo que apresentavam prazos longos de pagamento, porém sem as garantias compatíveis com o prazo.
De acordo com Silva, um dos fatores de expansão do crédito é a forte entrada de recursos externos devido à liquidez internacional, por sua vez causada pelo cenário de incertezas nas “economias maduras” em contraponto às boas perspectivas de crescimento do Brasil.
Apesar da ação do BC retirando esses recursos de circulação através da política de acúmulo de reservas, uma parte desse dinheiro fica no mercado, ampliando os riscos da economia brasileira, explicou Silva. “E esta parcela vinha ampliando-se nos últimos meses, alimentando uma expansão não tão saudável do mercado de crédito (de consumo), correndo o risco de propiciar o surgimento de bolhas e distorções exageradas nos preços de ativos (inclusive da taxa de câmbio).”