O trabalhador rural Cloves Magalhães, de 24 anos, permaneceu 11 meses com parte de uma faca enfiada no corpo em Petrolina (PE). Ele contou ao G1 que só descobriu o objeto depois que começou a sentir fortes dores e procurou o hospital.
“Eu comecei a sentir aquele negócio nas costas e pensei que fosse um osso quebrado. Fui tirar um raio X e apareceu o pedaço da faca. Dava para sentir a ponta dela embaixo da pele”, disse Magalhães, que fez uma cirurgia para retirar o objeto no dia 12 de novembro no Hospital Regional de Juazeiro, na Bahia.
Ele levou sete facadas após se envolver em uma briga em dezembro de 2009. “Foi uma discussão besta. O homem queria que eu pagasse umas cervejas e eu não quis pagar. Ele veio por trás e fez isso comigo. Acho que na última perfuração, a faca ficou”, disse.
Para o trabalhador rural, o médico que o socorreu no Hospital de Urgências e Traumas de Petrolina não percebeu o artefato. “Umas duas semanas depois, eu voltei lá com dores e só me deram um remédio. Eu tomei e voltei para casa. Nunca mais senti dor, só voltei a sentir agora há pouco tempo”, afirmou.
Magalhães disse que vai consultar um advogado porque pretende entrar na Justiça contra o hospital.
Fragmento de três centímetros
O médico Paulo Saad, diretor técnico do Hospital de Urgências e Traumas de Petrolina, confirmou ao G1 que o trabalhador rural foi atendido na unidade após ser vítima de múltiplas facadas. O fragmento da faca que estava cravado na musculatura da região lombar teria três centímetros.
“Normalmente, não são feitas cirurgias para retirar balas ou outros materiais. Nós fazemos as cirurgias para corrigir as lesões. Eventualmente, quando há um corpo estranho que não está provocando nenhum tipo de problema, não vamos atrás de retirar o corpo estranho”, afirmou Saad.
Segundo o diretor técnico do hospital, o paciente procurou o hospital em Petrolina antes de ser operado em Juazeiro. Ele tirou uma radiografia que mostrou a parte da faca já em uma área superficial das costas. O rapaz teria se recusado a ser operado no hospital.
“Quando ele levou as facadas, o objetivo do tratamento foi salvar a vida dele. O fragmento da faca ficou encravado na musculatura lombar, que fica bem junto à coluna. Para que ele fosse achado e retirado, o estrago para retirar o fragmento é maior do que a lesão que pode causar parado naquele local”, disse Saad.
O diretor afirmou ainda que não sabe dizer se o médico que operou o trabalhador rural na época percebeu se o fragmento estava no corpo.