sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Greve atrasa ações na Justiça em até dois anos

Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
0 comentário(s)
A greve dos servidores da Justiça paulista, que completa hoje 115 dias, já dá sinais de prejuízo para o Grande ABC. Com o trabalho ainda mais lento do que o normal, a estimativa é que os processos tenham atraso de até dois anos. Sem a greve, uma ação levaria até seis meses para ser decidida. Em São Bernardo -, cidade mais afetada -, a Oitava Vara Cível está com os prazos suspensos e opera só para emergências.
"É uma situação muito complicada. Apenas eu, que sou chefe da sessão, e outra servidora estamos trabalhando. Já temos uma equipe muito defasada. Temos apenas sete funcionários e cinco deles estão em greve. Temos publicações de março que ainda precisam ser feitas", explica a diretora da divisão, Luciana Silva Araújo de Aquino.
Com a situação, ela diz que serão necessários, no mínimo, nove meses para que a vara volte a atuar no prazo normal, mesmo após o fim da greve. "Temos aqui 6.316 processos para apenas sete mãos. Precisaremos de uma força tarefa de outras varas para regularizar isso, senão, será necessário muito mais tempo."
Mesmo com efetivo maior do que da vizinha, outras varas da cidade também enfrentam problemas. O Terceiro Ofício Cível avisa, logo na porta de entrada, que o atendimento está "prejudicado". São oito funcionários desfalcando a equipe de 18 servidores.
"Não suspendemos os prazos, mas as publicações estão todas atrasadas. O atendimento é proporcional aos funcionários. Temos ainda 1.500 peças para publicar as decisões", diz o diretor Silvio Nogueira, que estima que serão precisos dois anos para regularizar a situação.
Com 5.900 processos, a Sexta Vara é mais otimista na recuperação do tempo perdido. "Precisaremos de seis meses até oito meses. A primeira baixa foi o arquivamento das ações, que não acontece mais", diz o funcionário, que prefere não se identificar, enquanto aponta os processos que dão a volta no chão da ampla sala. "A coisa só não está pior porque temos estagiários que ajudam no balcão", completa.