Telma Alvarenga*
Quando morava no Rio, só conhecia Dona Canô de
declarações em jornais e revistas. E já gostava dela. Admirava sua
lucidez, simplicidade e a força que pressentia na aparência frágil,
delicada. Um dia, já como colunista do CORREIO, liguei para ela. E
tietei: “Dona Canô, eu não a conheço pessoalmente, mas gosto muito da
senhora”. A resposta veio na lata. “Como pode gostar se não conhece?”.
Ali, descobri mais uma faceta de sua personalidade. Dona Canô era
assim: direta, franca, sem salamaleques. Gostei ainda mais dela.
No ótimo documentário Pedrinha de Aruanda, de Andrucha Waddington, ela responde a uma pergunta sobre o orgulho que sente de Caetano e Bethânia, seus filhos mais famosos. “Sinto orgulho porque eles são ótimos filhos, amigos, irmãos, parentes... É muita coisa. De eles serem artistas, dessa glória, não sinto orgulho, não”.
Dona Canô foi igualmente mãe de Clara, Mabel, Nicinha, Irene, Rodrigo, Roberto. E avó de Moreno, Zeca, Tom, Jota, Ju... Bisa de meu camarada Jorginho. Resolvi ir a Santo Amaro para conhecê-la, no dia 16 de setembro de 2010, quando ela completou 103 anos. E entendi perfeitamente porque, numa entrevista, Bia Lessa, diretora e amiga de Bethânia, comentou que fazia questão de levar suas filhas ao aniversário de Dona Canô, em Santo Amaro: “É educação básica”, disse.
A cidade parava, como se fosse feriado. Dona Canô era recebida com pétalas de rosas na porta da igreja e, depois de uma missa emocionante, abria as portas de sua casa, para a festa. Com música ao vivo no quintal, como ela gostava, e um entre e sai de gente sem fim. “Ela adora essa fuzarca”, Caetano comentou. As pessoas, anônimas e famosas, faziam fila para beijar a mão da aniversariante, sentada em sua cadeira de rodas, trancinha nos cabelos e sapatinhos de crochê.
No ótimo documentário Pedrinha de Aruanda, de Andrucha Waddington, ela responde a uma pergunta sobre o orgulho que sente de Caetano e Bethânia, seus filhos mais famosos. “Sinto orgulho porque eles são ótimos filhos, amigos, irmãos, parentes... É muita coisa. De eles serem artistas, dessa glória, não sinto orgulho, não”.
Dona Canô foi igualmente mãe de Clara, Mabel, Nicinha, Irene, Rodrigo, Roberto. E avó de Moreno, Zeca, Tom, Jota, Ju... Bisa de meu camarada Jorginho. Resolvi ir a Santo Amaro para conhecê-la, no dia 16 de setembro de 2010, quando ela completou 103 anos. E entendi perfeitamente porque, numa entrevista, Bia Lessa, diretora e amiga de Bethânia, comentou que fazia questão de levar suas filhas ao aniversário de Dona Canô, em Santo Amaro: “É educação básica”, disse.
A cidade parava, como se fosse feriado. Dona Canô era recebida com pétalas de rosas na porta da igreja e, depois de uma missa emocionante, abria as portas de sua casa, para a festa. Com música ao vivo no quintal, como ela gostava, e um entre e sai de gente sem fim. “Ela adora essa fuzarca”, Caetano comentou. As pessoas, anônimas e famosas, faziam fila para beijar a mão da aniversariante, sentada em sua cadeira de rodas, trancinha nos cabelos e sapatinhos de crochê.
Perguntei a ela o que era o melhor dos 103 anos. “A
vida que vivi”, respondeu. E o pior? “Não poder ficar, ter de ir”.
Fiquei com lágrimas nos olhos, emocionada. A gente também não queria que
ela tivesse de ir. Nunca. Mas no coração dos filhos, netos, bisnetos e
trinetos, e dos admiradores distantes, como eu, ela vai viver para
sempre, com sua alegria, sua simplicidade, e a sabedoria de quem sabe
que, “na vida, para ser feliz é preciso coragem”. A frase é dela, sábia
Dona Canô.
* Telma Alvarenga é editora da Coluna VIP