Amigo de Luiz Inácio Lula da Silva e assessor especial da Presidência
da República no primeiro mandato do petista no Palácio do Planalto, o
escritor Frei Betto não esconde o desejo de votar de novo no
ex-presidente, mas cobra uma posição mais clara do PT em relação às
denúncias que envolvem o partido.
Além do mensalão, cujo julgamento foi concluído pelo Supremo Tribunal
Federal na semana passada, a Operação Porto Seguro, deflagrada pela
Polícia Federal no mês passado, teve entre os alvos a ex-chefe do
gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha,
amiga íntima de Lula.
O frade dominicano se diz "penalizado" pelas cenas do julgamento do
mensalão no Supremo, mas afirma que a direção petista deve esclarecer se
erros foram cometidos e o que foi feito para corrigi-los.
Coordenador de Mobilização Social do Programa Fome Zero entre 2003 e
2004, o dominicano deixou o cargo por não concordar com a política
econômica adotada pelo governo Lula e para voltar a se dedicar à
literatura. Oito anos depois, Frei Betto critica o PT por "não ter um
projeto Brasil", mas, sim, "um projeto de poder".
No último mês, Lula sofreu desgastes não só pela proximidade com
Rose, denunciada pelo envolvimento com um esquema de venda de pareceres
técnicos, como pelas acusações do empresário Marcos Valério Fernandes de
Souza, condenado pelo Supremo a mais de 40 anos de prisão por atuar
como operador do mensalão.
LUCIANA NUNES LEAL / RIO - O Estado de S.Paulo