A Polícia Federal apreendeu nesta sexta-feira documentos
no escritório da Presidência da República em São Paulo e na sede da
Advocacia-Geral da União (AGU), em Brasília, como parte da Operação
Porto Seguro, deflagrada nesta manhã.
Foram indiciadas 18 pessoas, entre elas a chefe de gabinete da
Presidência em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha, e o advogado-geral
adjunto da União, José Weber de Holanda Alves, acusados de envolvimento
em um grupo que obtinha pareceres técnicos fraudulentos que eram
vendidos a empresas interessadas, segundo fontes que tiveram acesso à
operação.
A presidente Dilma Rousseff foi informada da operação na tarde de
quinta-feira pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, segundo uma
fonte do governo ouvida pela Reuters que preferiu não se identificar, e
deu aval para que as buscas ocorressem.
Também na quinta-feira, ela se reuniu com o titular da AGU, Luís
Inácio Adams. Na manhã desta sexta-feira, segundo outra fonte, Dilma
voltou a se reunir com Adams, Cardozo e com o ministro da Secretaria
Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
De acordo com outra fonte do governo, Rosemary tentou evitar a
entrada dos agentes da Polícia Federal no gabinete da Presidência, no
17o andar do prédio do Banco do Brasil, na Avenida Paulista, centro de
São Paulo.
Ela é ligada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chegou a
assessorá-lo em viagens internacionais. No caso de Rosemary e Holanda
Alves, a PF investiga as acusações de corrupção ativa e tráfico de
influência.
Entre os três detidos na operação está o diretor da Agência Nacional
de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira, que ocupa o cargo desde 2010. Em
nota, a agência afirmou que a busca de documentos ocorreu pela manhã e
se restringiu ao gabinete do diretor --que foi detido.
Outros órgãos que sofreram buscas foram o Ministério da Educação, a
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq) e a Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos.
A Anac também disse em nota que as buscas foram apenas na sala do
diretor de Infraestrutura Aeroportuária, Rubens Carlos Vieira --irmão de
Paulo Rodrigues e também detido.
Já a AGU afirmou em nota que a coleta de documentos se restringiu à
sala de "apenas um servidor" e que o processo corre em segredo de
Justiça. Afirmou ainda que Adams já determinou que a corregedoria do
órgão apure o ocorrido.
(Reportagem de Ana Flor e Jeferson Ribeiro, com reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)