A Justiça de Campinas (93 km de SP) manteve em prisão preventiva por 60 dias, com possibilidade de prorrogação, os dois motoristas envolvidos no racha que terminou com o atropelamento e morte do lutador de jiu-jítsu Kaio César Alves Muniz Ribeiro, 23.
O promotor do Júri Fernando Vianna já tinha dado parecer favorável à manutenção dos dois em prisão preventiva. O juiz da 2ª Vara do Júri de Campinas, Sérgio Araújo Gomes, considerou que a libertação dos dois, 72 horas após o acidente, poderia "trazer à população, já perplexa com a violência no trânsito, intensa sensação de insegurança e de intranquilidade".
Na decisão, o juiz afirma ainda que, se concedesse liberdade provisória aos dois, outros motoristas menos responsáveis poderiam se "sentir perigosamente encorajados e estimulados" em participar de disputas de velocidade. Na última sexta-feira, os dois motoristas --os empresários Adriane Aparecida Pereira Diniz Ignácio de Souza, 42, e Fabrício Narciso Rodrigues da Silva, 32-- foram indiciados sob suspeita de homicídio doloso (com intenção de matar), fuga do local de acidente, embriaguez ao volante e racha.
Kaio César Alves Muniz Ribeiro morreu na sexta-feira (18) após ser atropelado pelo Audi A3, que, dirigido pela empresária, invadiu a calçada em alta velocidade. No carro estava também o ator Rafael Lima Ribeiro, 24, que teve ferimentos, mas foi atendido e liberado.
O motorista do outro carro, um Chevrolet Camaro, é suspeito de ter tentado fugir da polícia, mas foi detido próximo ao local do acidente, no bairro Taquaral. Segundo a Polícia Militar, os dois veículos tinham sido vistos em alta velocidade momentos antes.
O advogado de Silva, Antônio Godoy Maruca, afirmou à Folha que seu cliente não estava no racha nem teve participação no acidente. Segundo ele, o Camaro não foi danificado. Para Maruca, Silva foi preso por "dedução" da polícia e "acusações inverídicas".
Os advogados de Adriane Souza não responderam os recados deixados pela reportagem.
Adriane Souza está na Cadeia Feminina de Paulínia (117 km de SP). Fabrício Silva, no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Campinas.
Para o pai do de Kaio, Gilberto Lima Ribeiro, a morte do lutador deve servir para chamar a atenção das autoridades. "Nossa ideia é sugerir mudanças na legislação", afirmou.
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