sábado, 19 de novembro de 2011

Brasil avança nas ações que beneficiam os jovens negros


Karla Akotirene milita na causa da reparação e da igualdadeA adoção de políticas de ações afirmativas em diversos âmbitos de desenvolvimento é o diagnóstico que coloca o Brasil, dentre nove países da América Latina, como o País que mais avançou e obteve resultados sistemáticos para a diminuição das desigualdades entre jovens negros e brancos.
A avaliação é fruto do relatório “Juventude Afrodescendente na América Latina: realidades diversas e direitos (des)cumpridos”, lançado na última sexta-feira pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em Salvador. O panorama traçado pela agência da ONU só foi possível graças à inclusão das perguntas de autoidentificação étnica nos censos demográficos do Panamá, Colômbia, Costa Rica, Equador, Nicarágua, Guatemala, Honduras, El Salvador e Brasil.
Dados do Censo 2010 divulgados na última quarta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontaram que os jovens entre 15 e 24 anos se declaram pretos e pardos (negros) mais do que adultos. Atualmente, a juventude brasileira representa um universo de 34 milhões. Destes, 18,5 milhões se declararam negros.
“Este dado é resultado das políticas de ações afirmativas, que serviram para estimular a auto classificação dos jovens em pretos e pardos”, concluiu o coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joilson Rodrigues.

Avanços - Indicadores e pesquisas realizadas no País nos últimos anos comprovam, por exemplo, que a adoção das políticas de cotas raciais nas universidades públicas e a realização de programas como o Universidade Para Todos (Prouni) e o financiamento estudantil (Fies) possibilitaram o crescimento da presença de estudantes afrodescendentes nas instituições de ensino superior.
Entre os anos de 1988 e 2008, houve um aumento do número de estudantes afrodescendentes de 18 a 24 anos nestas instituições, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Em 1988, a taxa bruta de inserção deste segmento era 3,6%; em 1998 este número era de 4% e em 2008 a taxa alcançou o número de 16,4%.
Para a secretária de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Anhamona Brito, apesar das conquistas e avanços, ainda faz-se necessário reconhecer a pluralidade de fatores que diferenciam os jovens entre si.
“As questões sociais gerais ganham contorno diferenciado, nem sempre positivos, em face das dimensões ‘ser negro’ e ‘ser jovem’, a exemplo dos altos índices de homicídios. Urge-se a incorporação da dimensão racial na elaboração de políticas e ações, nas mais variadas áreas, a atender às especificidades dos jovens, num cenário de desigualdades”, ressaltou.
A TARDE