Antes de qualquer coisa, comecemos por definir a adolescência. A adolescência é uma passagem obrigatória, a passagem delicada, atormentada mas igualmente criativa, que vai do fim da infância ao limiar da maturidade. Um adolescente é um menino ou menina que cessa gradativamente de ser uma criança e ruma com dificuldade para o adulto que virá a ser.
Definirei a adolescência segundo três pontos de vista distintos, mas complementares: um ponto de vista biológico, um sociológico e um psicanalítico. Do ponto de vista biológico, sabemos que a adolescência corresponde à puberdade, mais exatamente, o início da adolescência corresponde à puberdade, esse momento da vida em que o corpo da criança de onze anos se inflama com uma surpreendente labareda hormonal. A puberdade - termo médico - designa justamente o período ao longo do qual os órgãos genitais se desenvolvem, quando surgem os sinais distintivos do corpo do homem e da mulher e opera-se um desenvolvimento físico impressionante, bem como uma significativa alteração das formas anatômicas.
Para o menino, é a idade em que se produzem as primeiras ereções seguidas por ejaculação, durante uma masturbação, as poluções noturnas, a mudança da voz e o aumento da massa e da tonicidade musculares, tudo isso constituindo gérmens de uma virilidade nascente. Na menina, desencadeiam-se as primeiras regras e as primeiras sensações ovarianas, os seios ganham volume, a bacia se alarga conferindo à silhueta seu aspecto tipicamente feminino e, sobretudo, despertando nela essa tensão indefinível que emana do corpo de toda mulher e que denominamos charme. Portanto, biologicamente falando, a adolescência é sinônimo de advento de corpo maduro, sexuado, doravante capaz de procriar.
Para o sociólogo, o vocábulo "adolescência" cobre o período de transição entre a dependência infantil e a emancipação do jovem adulto. Segundo as culturas, essa fase intermediária pode ser muito curta - quando se limita a um ritual iniciático que, em poucas horas, transforma uma criança grande num adulto, ou particularmente longa, como em nossa sociedade, em que os jovens conquistam sua autonomia muito tarde, levando-se em conta os estudos prolongados e o desemprego em massa, fatores que alimentam dependência material e afetiva em relação à família.
A esse respeito, observemos que, em cada dois jovens adultos, um ainda mora na casa dos pais aos 23 anos, beneficiando-se não apenas de seu teto, cada vez mais longamente, como também de seu apoio financeiro, que, com muita frequência, estende-se além desse período. Em suma, se considerarmos as duas extremidades da travessia adolescente, podemos dizer que a puberdade se inicia em torno dos onze, doze anos, ao passo que a emancipação se completa por volta dos 25 anos.