19/2/2011 à 0h2 – Aparelhos digitais estão cada vez mais presentes no nosso dia-a-dia, o que tornam necessários estudos que entendam o efeito de seu uso – muitas vezes, exagerado – em nosso corpo. Com este objetivo foi escrito e publicado nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria ano passado, o artigo “Qualidade do sono entre universitários: os efeitos da utilização do computador e da televisão no período da noite”.
Escrito por Gema Mesquisa, do Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade de Campinas, e Rubens Reimão, neurologista pediátrico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a pesquisa foi realizada através de questionários ministrados a 1.978 estudantes universitários de uma faculdade pública de Minas Gerais. Entre as perguntas, avaliava-se o padrão de utilização da televisão e computador durante os dias de semana e a percepção dos estudantes sobre a qualidade de seu sono.
Segundo os pesquisadores, a luz emanada pelas telas do computador e da televisão pode afetar o sono posterior. “A intensidade, variação e timing da luz projetada na retina por estes aparelhos alteram a liberação de melatonina (hormônio que controla o sono) no corpo, resultando em mudanças na qualidade do sono”, consideram.
Os resultados da pesquisa mostraram que aqueles que diziam usar o computador entre 19h e 22h ou entre 19h e 24h tinham pior qualidade de sono. Ao mesmo tempo, ao contrário de um estudo anterior que mostrou que “assistir televisão por três ou mais horas consecutivas contribuía para um risco significativamente maior de problemas de sono”, tais dados não foram encontrados na pesquisa em questão, uma vez que os jovens que assistiam televisão no mesmo horário não registravam influências negativas em sua qualidade de sono.
Os pesquisadores sugerem que estas diferenças podem ser advindas do fato de que a experiência de usar o computador e a televisão, mesmo sendo aparelhos com telas parecidas, não é a mesma. Vendo televisão, dizem no artigo, normalmente se senta ou deita longe e confortavelmente da tela, enquanto que, ao usar o computador, o usuário se coloca entre 50 e 70 centímetros do monitor, interagindo “mais ativamente com o aparelho”, de forma que tal interação é raramente descontinuada. “Em contraste, ver televisão é menos contínuo ou intenso, de forma que os telespectadores descontinuam esta atividade temporariamente com mais prontidão”, consideram os autores, supondo que estas diferenças podem ser responsáveis pelo impacto maior que o uso de computadores registrou.
Leia mais notícias no www.cassilandia.com.br