A delegacia da Polícia
Federal em Ilhéus, no sul do estado, deflagrou na manhã desta quinta-feira (9) a
Operação Paga, que desvendou um esquema de compra de votos em favor do deputado
federal eleito Jutahy Magalhães (PSDB) e da deputada estadual eleita Claudia
Oliveira (PTdoB) em Buerarema.
A Polícia Federal
cumpre 13 mandados de condução coercitiva e 12 mandados de busca e apreensão nas
cidades de Buerarema, Itabuna e Salvador, decorrentes da investigação iniciada
em setembro acerca de ocorrência do crime de compra de votos nas eleições deste
ano no município.
Buerarema
As investigações
identificaram um grupo comandado pelo ex Prefeito de Buerarema, Orlando Filho, o
qual orquestrou um esquema de compra de votos e cometimento de demais ilícitos
eleitorais para favorecer a dois candidatos a deputados estadual e
federal.
No dia do primeiro
turno das eleições, foram realizadas buscas na residência do ex prefeito da
cidade e mais em dois locais, sendo encontrados envelopes contendo cadastramento
de eleitores e quase 40 mil reais para pagamento pelos votos.
Os candidatos
beneficiados no esquema de compra de votos foram eleitos com quase a mesma
quantidade de votos no município de Buerarema, em número que muito se aproxima
aos eleitores cadastrados nas listas apreendidas.
Heraldo Rocha e Benito
Gama
Durante as
investigações, identificou-se um outro grupo, comandado por um policial civil e
candidato a Deputado Federal, André Luiz Araújo Feitosa (PSL), o qual também
montou esquema para compra de votos, só que para beneficiar outros candidatos a
deputado estadual e federal.
No entanto, este
segundo grupo não teve a mesma sorte do primeiro, já que os candidatos
beneficiados com a compra de votos não foram eleitos.
Segundo informou o
Bahia Notícias, esses candidatos eram o deputado estadual Heraldo Rocha
(DEM) e o candidato a deputado federal Benito Gama (PTB). Segundo consta na
declaração de bens de Feitosa, ele possui em ônibus no valor de R$ 240 mil.
Os investigados serão
conduzidos para a Delegacia de Polícia Federal de Ilhéus e após serem
interrogados e indiciados, responderão em liberdade por compra de votos, boca de
urna, transporte ilegal de eleitores e formação de quadrilha.
Após a análise do
material apreendido e dos interrogatórios dos investigados, será avaliada a
possível participação dos candidatos nos crimes sob apuração.
Candidatos negam
participação
O candidato a deputado
federal derrotado Benito Gama (PTB nega ter cometido o crime eleitoral. De
acordo com a PF, o candidato a deputado federal também derrotado André Luiz
Araújo Feitosa (PSL), que é policial civil, teria comandado a compra de votos
para Gama e Heraldo Rocha (DEM), deputado estadual que não conseguiu a
reeleição. O petebista admite conhecer André, que, segundo ele, estaria lotado
no gabinete de Heraldo, e seria assessor do DEM há mais de 20 anos. Benito,
entretanto, nega ter mantido qualquer ligação política com Heraldo na eleição
deste ano. “Não fizemos dobradinha em nenhum município. Não visitei nenhum
bairro com Heraldo em Salvador”, afirmou. Gama criticou a exposição dos nomes
dos investigados, em nota da PF, antes do resultado final da apuração. “Repudio
essa declaração da Polícia Federal. Estranho completamente. É inacreditável a
polícia federal mandar um release sem checar do que se trata”, reclamou. Ele
suspeitou ainda de motivação política na investigação. “Só cita opositores,
estranho isso. Eu não posso ser leviano, mas me estranha que só candidatos da
oposição sejam citados”, desconfiou.
Jutahy
Jutahy assegura que
todas as despesas de sua campanha foram registradas no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Entre elas, uma doação de R$ 100 mil para a campanha de
Claudia, que consta na prestação de contas do candidato. A quantia teria a
finalidade, segundo o deputado, de financiar as despesas com a divulgação, como
o material gráfico e os carros de som. “Além dela, mais de dez deputados
estaduais fizeram parceria comigo”, pontua. “Toda minha campanha foi feita
dentro da ética e da legalidade. Jamais fiz ao longo de minha vida longa pública
compra de voto”, defende-se o parlamentar. Ele acrescenta que sua prestação de
contas possui parecer favorável no TRE.
Heraldo
O deputado estadual
Heraldo Rocha (DEM), líder da oposição na Assembleia Legislativa, também se
defendeu em nota ao BN.
“Nunca autorizei a
comprar votos. O André (Araújo Feitosa, apontado pela PF como líder do esquema)
trabalhava comigo, foi candidato a deputado, mas eu nunca autorizei ninguém”,
assegura. “Tomei como surpresa essa situação. Tenho cinco mandatos de deputado e
fui duas vezes secretário de estado. Sempre tive cuidado muito grande com minha
atividade parlamentar e desempenho público, procurando ser ético. Tão ético que
perdi a eleição”. O parlamentar endossa o que disse o outro apontado de ser
beneficiado no mesmo esquema, Benito Gama (PTB), e assinala não ter feito
dobradinha com o petebista. “Espero que isso seja uma ação esclarecida
devidamente. Que se preserve a história da gente. Não acredito que seja ação
política, só por eu ter sido líder da oposição. Será? Não”, indaga.
Informações da Polícia
Federal e Bahia Notícias