quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Operação da Polícia Federal combate crimes eleitorais cometidos nas eleições 2010 na cidade de Buerarema.

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A delegacia da Polícia Federal em Ilhéus, no sul do estado, deflagrou na manhã desta quinta-feira (9) a Operação Paga, que desvendou um esquema de compra de votos em favor do deputado federal eleito Jutahy Magalhães (PSDB) e da deputada estadual eleita Claudia Oliveira (PTdoB) em Buerarema.
A Polícia Federal cumpre 13 mandados de condução coercitiva e 12 mandados de busca e apreensão nas cidades de Buerarema, Itabuna e Salvador, decorrentes da investigação iniciada em setembro acerca de ocorrência do crime de compra de votos nas eleições deste ano no município.
Buerarema
As investigações identificaram um grupo comandado pelo ex Prefeito de Buerarema, Orlando Filho, o qual orquestrou um esquema de compra de votos e cometimento de demais ilícitos eleitorais para favorecer a dois candidatos a deputados estadual e federal.
No dia do primeiro turno das eleições, foram realizadas buscas na residência do ex prefeito da cidade e mais em dois locais, sendo encontrados envelopes contendo cadastramento de eleitores e quase 40 mil reais para pagamento pelos votos.
Os candidatos beneficiados no esquema de compra de votos foram eleitos com quase a mesma quantidade de votos no município de Buerarema, em número que muito se aproxima aos eleitores cadastrados nas listas apreendidas.
Heraldo Rocha e Benito Gama
Durante as investigações, identificou-se um outro grupo, comandado por um policial civil e candidato a Deputado Federal, André Luiz Araújo Feitosa (PSL), o qual também montou esquema para compra de votos, só que para beneficiar outros candidatos a deputado estadual e federal.
No entanto, este segundo grupo não teve a mesma sorte do primeiro, já que os candidatos beneficiados com a compra de votos não foram eleitos.
Segundo informou o Bahia Notícias, esses candidatos eram o deputado estadual Heraldo Rocha (DEM) e o candidato a deputado federal Benito Gama (PTB). Segundo consta na declaração de bens de Feitosa, ele possui em ônibus no valor de R$ 240 mil.
Os investigados serão conduzidos para a Delegacia de Polícia Federal de Ilhéus e após serem interrogados e indiciados, responderão em liberdade por compra de votos, boca de urna, transporte ilegal de eleitores e formação de quadrilha.
Após a análise do material apreendido e dos interrogatórios dos investigados, será avaliada a possível participação dos candidatos nos crimes sob apuração.
Candidatos negam participação
O candidato a deputado federal derrotado Benito Gama (PTB nega ter cometido o crime eleitoral. De acordo com a PF, o candidato a deputado federal também derrotado André Luiz Araújo Feitosa (PSL), que é policial civil, teria comandado a compra de votos para Gama e Heraldo Rocha (DEM), deputado estadual que não conseguiu a reeleição. O petebista admite conhecer André, que, segundo ele, estaria lotado no gabinete de Heraldo, e seria assessor do DEM há mais de 20 anos. Benito, entretanto, nega ter mantido qualquer ligação política com Heraldo na eleição deste ano. “Não fizemos dobradinha em nenhum município. Não visitei nenhum bairro com Heraldo em Salvador”, afirmou. Gama criticou a exposição dos nomes dos investigados, em nota da PF, antes do resultado final da apuração. “Repudio essa declaração da Polícia Federal. Estranho completamente. É inacreditável a polícia federal mandar um release sem checar do que se trata”, reclamou. Ele suspeitou ainda de motivação política na investigação. “Só cita opositores, estranho isso. Eu não posso ser leviano, mas me estranha que só candidatos da oposição sejam citados”, desconfiou.
Jutahy
Jutahy assegura que todas as despesas de sua campanha foram registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entre elas, uma doação de R$ 100 mil para a campanha de Claudia, que consta na prestação de contas do candidato. A quantia teria a finalidade, segundo o deputado, de financiar as despesas com a divulgação, como o material gráfico e os carros de som. “Além dela, mais de dez deputados estaduais fizeram parceria comigo”, pontua. “Toda minha campanha foi feita dentro da ética e da legalidade. Jamais fiz ao longo de minha vida longa pública compra de voto”, defende-se o parlamentar. Ele acrescenta que sua prestação de contas possui parecer favorável no TRE.
Heraldo
O deputado estadual Heraldo Rocha (DEM), líder da oposição na Assembleia Legislativa, também se defendeu em nota ao BN.
“Nunca autorizei a comprar votos. O André (Araújo Feitosa, apontado pela PF como líder do esquema) trabalhava comigo, foi candidato a deputado, mas eu nunca autorizei ninguém”, assegura. “Tomei como surpresa essa situação. Tenho cinco mandatos de deputado e fui duas vezes secretário de estado. Sempre tive cuidado muito grande com minha atividade parlamentar e desempenho público, procurando ser ético. Tão ético que perdi a eleição”. O parlamentar endossa o que disse o outro apontado de ser beneficiado no mesmo esquema, Benito Gama (PTB), e assinala não ter feito dobradinha com o petebista. “Espero que isso seja uma ação esclarecida devidamente. Que se preserve a história da gente. Não acredito que seja ação política, só por eu ter sido líder da oposição. Será? Não”, indaga.
Informações da Polícia Federal e Bahia Notícias