A entrada de celulares, televisões, aparelhos de DVD e problemas com a segurança na Penitenciária Antônio de Souza Neto, em Sorocaba (a 99 km de SP), provocaram a saída do diretor da cadeia, que abriga 1.439 presos.
Cássio Ribeiro de Campos estava à frente da unidade havia quatro anos. Funcionários estão sendo investigados para saber se houve colaboração com as "mordomias".
As irregularidades chegaram até a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária do Estado) por denúncias via carta ou ouvidoria.
Uma equipe de intervenção foi montada para fazer uma blitz surpresa, no dia 18 de outubro. Na quinta-feira passada, dia 28, o diretor deixou o cargo.
"A conivência existe, com certeza, mas em pequeno número. Às vezes os bons ficam calados enquanto outros são ativos", disse o coordenador das Unidades Prisionais da região central do Estado, José Reinaldo Silva.
Segundo Silva, também há suspeitas de que presos estariam extorquindo os demais, obrigando-os a repassar o valor recebido pelo trabalho feito dentro da prisão em estufas de plantas e oficina mecânica, por exemplo.
Outras denúncias, ainda investigadas, apontam que os detentos não ficavam o tempo todo dentro das celas.
Se comprovadas, alguns presos poderão ser transferidos e funcionários afastados.
Os detentos --que cumprem pena por crimes como estupro ou são jurados de morte-- ficaram descontentes com as mudanças. Mas, segundo Silva, a unidade está sob controle.
A SAP confirmou a troca de diretores mas disse que só se manifestaria após a apuração dos fatos.
Marcelo Perike, ex-titular da Centro de Detenção Provisória de Americana (127 km de SP), assumiu ontem a penitenciária, conhecida como Sorocaba 2.
Procurado, ele informou, via assessoria, que só falaria do caso após as investigações. O ex-diretor não foi localizado nesta segunda-feira.