A população brasileira deve atingir o pico em 2030, somando 206,8 milhões de pessoas. A partir de então, a expectativa é que comece a diminuir em números absolutos, e em 2040 seja de 204,7 milhões, de acordo com análise divulgada nesta segunda-feira (13) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE).
A técnica de planejamento e pesquisa do instituto, Ana Amélia Camarana informou que esta desaceleração do ritmo de crescimento da população do país é verificada desde a década de 1970 mas se acentuou nos últimos 10 anos.
- Em 1970, projetávamos 200 milhões de habitantes para o ano 2000, hoje apostamos que esse valor seja atingido pouco depois de 2020.
De acordo com a análise do Ipea, essa conclusão pode ser explicada pela redução da mortalidade infantil acompanhada da queda na fecundidade (estimativa do número médio de filhos que uma mulher teria até o fim de seu período reprodutivo, avaliado perto dos 50 anos). Em 1993, a taxa de nascimentos apontava 2,8 filhos para cada mulher, em 2010, esse número ficou em 1,8. Este resultado, de acordo com Ana Amélia, está abaixo do necessário para manter o número de brasileiros constante – perto de 2,0 -, implicando em dois cenários para o Brasil.
- O primeiro efeito será sentido na força de trabalho, reduzindo a oferta de mão de obra. O segundo será um superenvelhecimento da população em níveis verificados apenas em países desenvolvidos, necessitando de nova visão social com essa faixa etária.
O estudo ressalta que esse movimento ocorre no Brasil em “velocidade acelerada”, reproduzindo a experiência de vários países da Europa Ocidental, da Rússia, do Japão etc. A técnica citou ainda os casos da Grécia e da França, que vive neste exato momento protestos com relação à reforma da previdência (que elevaria a idade mínima para que os franceses se aposentem).
Os técnicos do Ipea estimam ainda para esta década uma taxa média de crescimento da população de 0,9% ao ano, menos de um terço da observada para o período 1950-1970 (3,0% ao ano), quando a população brasileira registrou as mais elevadas taxas de crescimento.
- O Censo de 2010 vai sem dúvida mostrar que a população brasileira cresceu menos de 1% nesta década. Enquanto na metade do século XX viveu-se o medo de explosão demográfica, agora caminhamos para exatamente o medo oposto, da redução da população brasileira e necessidade de encontrar formas alternativas para suprir o mercado de trabalho.