domingo, 24 de outubro de 2010

Indicação para sede da Copa do Mundo envolveria suborno



O jornal britânico Sunday Times revelou neste domingo, 24, em um vídeo, declarações de Michel Zen-Ruffinen, ex-secretário-geral da Federação Internacional de futebol, nas quais cita vários membros da Fifa que aceitariam receber suborno para votar sobre a sede da Copa do Mundo.
Em seu site, o jornal publica uma gravação com câmera escondida na qual Zen-Ruffinen dá o nome (inaudível no vídeo) de diversos membros da Fifa que seriam, segundo ele, facilmente subornáveis para obter seu voto para uma das candidaturas às Copas do Mundo de 2018 ou 2022.
X é uma boa pessoa, um cara legal, mas está disposto a cobrar”, afirma Zen-Ruffinen na gravação em um restaurante de Genebra, na qual os jornalistas se faziam passar por lobistas. "Y se interessa pelo dinheiro, podemos vê-lo e falar com ele, não há problema”, acrescenta o ex-secretário-geral da entidade. Sobre uma terceira pessoa, Zen-Ruffinen afirma que “é alguém que se pode ganhar com mulheres, não com dinheiro”.
Posteriormente, o ex-secretário-geral da Fifa afirmou ao Sunday Times ser “totalmente contra” a corrupção. Na noite deste domingo, Zen-Ruffinen disse à AFP que está “absolutamente escandalizado” com o que ocorreu, e revelou que analisa “adotar medidas judiciais” contra o Sunday Times. Zen-Ruffinen confirmou à AFP que manteve várias reuniões em Genebra com pessoas (os jornalistas disfarçados) que “me contrataram como assessor”.
“Fui contactado no início de agosto e eles me disseram que trabalhavam para uma agência de comunicação encarregada de promover a candidatura dos Estados Unidos-2018/2022”. "Seguindo este objetivo, tivemos uma reunião em Genebra, a primeira que se vê no vídeo, onde analisamos a situação de cada um dos membros do Comitê Executivo e suas intenções de voto”.
"Disse a eles que tinha a impressão de que alguns membros, cujos nomes não citei, eram pessoas influenciáveis”, explicou Zen-Ruffinen, que foi secretário-geral da FIFA até 2002. A comissão de ética da Fifa suspendeu provisoriamente na quarta-feira dois de seus membros do comitê executivo, o nigeriano Adamu e o taitiano Reynald Temarii, suspeitos de pedir dinheiro em troca de seu voto por uma das candidaturas, no escândalo descoberto pelo jornal Sunday Times. Rússia, Inglaterra e as candidaturas conjuntas Espanha-Portugal e Holanda-Bélgica disputam a organização da Copa de 2018, enquanto Austrália, Japão, Coreia do Sul, Qatar e Estados Unidos querem receber a edição de 2022.