quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Horário de verão começa domingo e Bahia fica fora pelo sétimo ano

Pelo sétimo ano consecutivo, a Bahia ficará de fora do horário de verão que começa no próximo domingo, dia 17, nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. Nos próximos quatro meses, os relógios dos baianos terão uma hora a menos em relação ao horário de Brasília. Para os cidadãos, as mudanças no dia-a-dia serão pequenas: serão alterados o horário de funcionamento dos bancos e dos voos nos aeroportos do Estado, que seguem a marca dos ponteiros de Brasília.
No mundo dos negócios, no entanto, as mudanças são mais perceptíveis, já que as regiões atingidas pelo horário de verão representam cerca de 80% da economia brasileira. Por isso, as associações de classe ligadas à indústria, ao comércio e ao turismo pleiteiam, pelo segundo ano consecutivo, junto ao governo do Estado, a inclusão da Bahia no horário de verão.
Apesar de não quantificarem os prejuízos acarretados pela diferença de horário no Estado com a maior parte do País, os empresários defendem a adoção do horário de verão como forma de redução do consumo de energia. Segundo o Ministério das Minas e Energia, a adoção do horário de verão possibilitou a redução média de 4,7% na demanda por energia no horário de "pico", entre 18 e 21h em todo o País.
O ministério, no entanto, justifica a não-inclusão dos estados do Norte e Nordeste alegando que “não foi recomendada devido aos pequenos benefícios estimados nas avaliações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)” para estas regiões.
Avaliações - Os especialistas no setor energético têm visões distintas sobre o tema. A professora Antônia Cruz, professora do curso de engenharia elétrica da Unifacs, defende uma reavaliação dos impactos do horário de verão no Estado.
“A Bahia deixou de adotar o horário porque não havia tanta representatividade em termos de redução no consumo de energia. Mas a realidade hoje é outra, a economia baiana cresceu muito nos últimos anos”, argumenta.
Já o professor Luiz Pontes, coordenador mestrado em energia da Unifacs, vê a adoção do horário de verão como uma questão política e que deve levar em conta não apenas os efeitos em relação ao consumo de energia. “Seria melhor para a economia baiana acompanhar as regiões Sul e Sudeste. A perda econômica pode acabar sendo maior do que a economia de energia elétrica”, avalia.
Adaptação - As mudanças nos relógios irá exigir uma adaptação das empresas que possuem negócios e interagem com matrizes ou fornecedores no Centro-Sul do País. “A antecipação do expediente bancário em uma hora poderá gerar problemas na consolidação de transações financeiras. Será um incômodo para a economia baiana”, avalia o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Victor Ventin.
É no segmento turístico, no entanto, em que se encontram as principais resistências à exclusão da Bahia no horário de verão. Segundo o presidente do Conselho Baiano de Turismo, Sílvio Pessoa, a ampliação do tempo de luminosidade no final da tarde funcionaria como um atrativo a mais para os turistas. Ele, no entanto, ressalta que a diferença no horário em relação ao Centro Sul pode provocar a redução do fluxo de turistas no Estado.
O presidente da Associação Brasileira de Agência de Viagens na Bahia (Abav-BA), Pedro Galvão, vê como principal desconforto as diferenças entre os horários dos voos nos aeroportos e a marca dos relógios no Estado. Segundo ele, São Paulo e Minas Gerais são os dois principais estados emissores de turistas para a Bahia e ambos estarão no horário de verão. “O turista acaba ficando confuso”, argumenta.
João Pedro Pitombo
Agência A Tarde