terça-feira, 31 de agosto de 2010
O GLOBO/IMPRENSA Jornal do Brasil deixa de circular em formato impresso, mas mantém site
Jornal do Brasil: tradição na Imprensa brasileira com 119 anos de circulação
31/8/2010 às 11h15 - A mídia impressa está em crise. E o jornalismo brasileiro está de luto. Os controladores do Jornal do Brasil anunciaram que nesta quarta-feira (01/09) será o encerramento da edição impressa do jornal. Fica somente a versão on-line. Com o fim da versão impressa, encerra-se um ciclo da imprensa brasileira. Foram 119 anos de circulação de um dos mais fortes e importantes jornais do país. Começou a circular em 9 de abril de 1891, nos primeiros anos da República. Ironicamente, foi o primeiro jornal no país a ter uma versão na internet.
O JB marcou toda uma geração não só de jornalistas, mas de leitores. Conseguiu sobreviver ao surgimento da República, tendo nascido apoiando a monarquia. Tornou-se um dos principais jornais do país na segunda metade do século XX, principalmente depois do fechamento de jornais tradicionais no Rio de Janeiro. Manteve, durante décadas, um público sempre fiel que acompanhava reportagens e opiniões de jornalistas e escritores, como Carlos Drummond de Andrade, Otto Lara Rezende , Alberto Dines, Carlos Castello Branco, Elio Gaspari, Carlos Heitor Cony, Wilson Martins e tantos outros. Passaram por lá também nomes como Eça de Queiroz (correspondente estrangeiro), Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e o Barão de Rio Branco, entre tantas figuras da história do país.
O Jornal do Brasil é sempre lembrado também pela inovadora reforma gráfica que promoveu na fim década de 50, que serviu de modelo para os demais jornais do país. Costuma-se dividir o moderno jornalismo gráfico brasileiro em duas fases: antes e depois da reforma do JB. Foram os anos de ouro do jornal, sempre perseguido pelo concorrente O Globo, da família Marinho. Como outros grandes jornais, apoiou o golpe de 1964, contra o presidente João Goulart. Depois, foi alvo de censura pelos governos militares. Na década de 80, foi decisivo no chamado escândalo da Proconsult, quando denunciou tentativa de fraudar a eleição do candidato da oposição, Leonel Brizola, para governador do Rio de Janeiro. Quem quiser conhecer a edificante história do JB, é só fazer uma incursão pelo Google. Mas uma reportagem de Marcos Sá Correia, sobre o perfil do então diretor M.F. Nascimento Brito, nos dá a idéia dos bastidores do tradicional jornal.