27/08/2010 às 22:13
Biaggio Talento e Vitor Rocha, do A TARDE
A candidata petista à presidência da República Dilma Rousseff deu a entender ontem ao deixar a capital baiana, com destino a Recife, que só passará a considerar a possibilidade de disputar um segundo mandato em 2014, caso vença a corrida pelo Palácio do Planalto desse ano.
“O meu projeto político é ficar quatro anos. Na próxima eleição eu digo o resto do projeto. Não se faz isso (antecipar), estou disputando uma eleição dia 3 de outubro de 2010. O povo no Brasil só pode dar um mandato, o tamanho do mandato é de quatro anos, então é isso que estou disputando”, declarou sorrindo.
Pouco antes da entrevista, Dilma almoçou num restaurante da Avenida Tancredo Neves, acompanhada do secretário executivo do PT, José Eduardo Cardozo, e mais três assessores. Enquanto comia, a candidata lia o clipping da cobertura da imprensa, falava ao celular e expunha semblante de preocupada. As reportagens, em sua maior parte, tratavam dos vazamentos de informação fiscais de membros do PSDB.
“Desespero” - Uma delas leva o título “Corregedor da Receita diz que houve ‘balcão de venda de sigilos’, relacionada com o vazamento de informações sigilosas da Receita Federal, de quatro pessoas ligadas ao candidato tucano à presidência José Serra. Logo depois, na entrevista, perguntada sobre a insistência dos adversários em insinuar haver digitais de petistas no caso, repetiu que a ação do PSDB é uma “tentativa de se construir um factóide”, motivada pelo “desespero” dos tucanos. “Pelo que eu li hoje, tudo indica que é um grande esquema de corrupção, que envolve, segundo vocês (a imprensa) 140 nomes, visivelmente sem caráter político”.
Em relação ao baixo financiamento de instituições financeiras privadas em grandes projetos no Brasil, a candidata petista lamentou que somente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) empreste dinheiro a longo prazo no País. “Acho que é importantíssimo que o sistema privado financeiro brasileiro participe de financiamentos de longo prazo no Brasil. Hoje, se alguém quiser fazer financiamento para hidrelétrica, para termoelétrica, ou seja: tudo que for acima de 15, 20 anos, a única fonte de financiamento que existe é o BNDES. Isso não é bom para o Brasil”, observou.
Ela calcula que “havendo a queda da dívida interna, que está em trajetória descendente – nós recebemos com 60% do PIB, hoje estamos em torno de 42% do PIB, uma das menores do mundo – e isso vai permitir, com o crescimento da economia, que os juros caiam”, os setores financeiro privado nacional e o internacional “vão priorizar investimento produtivo e investimento de infraestrutura”.
Dilma veio a Salvador para participar de um comício da chapa majoritária encabeçada pelo governador Jaques Wagner, candidato à reeleição. O comício realizado na noite de anteontem na Praça Castro Alves, contou com a participação do presidente Lula. A candidata do PT permaneceu em Salvador até o final da tarde.