No lançamento, em agosto de 1990, o preço do Fiat Uno Mille era de Cr$ 625 mil. Em 1994, já com redução de IPI, chegou a US$ 7.200. Hoje, um carro da categoria não sai por menos do que o dobro, US$ 14.400 (R$ 25 mil).
O dólar, apesar das variações e de não ser o único indicador, mostra que modelos como o Mille já não são tão "populares", avalia Keyler Rocha, professor de finanças da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo).
Mesmo assim, em 2009 o Brasil se tornou o quinto maior mercado de automóveis do mundo, com 3 milhões de carros vendidos.
Fábio Gallo, professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), atribui a alta nas vendas à ascensão das classes C e D e ao aumento na oferta de crédito. "Há uma nova classe média comprando carros. As taxas de juros continuam altas, mas ampliaram os valores e os prazos de financiamentos."
Ele também destaca o crescimento do poder de compra. Em agosto de 1990, o Mille custava o equivalente a 170 salários mínimos. Hoje, bastam 50 para ter o Uno, de acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) e do IBGE.
Segundo fabricantes, apesar do aumento nas vendas e da modernização das fábricas, o custo dos projetos para atender às exigências legais mantém o carro caro.
"Os automóveis reduziram as emissões e têm mais itens de série. Em breve, freios ABS e airbags serão obrigatórios", afirma José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM.